quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cidade adentro num primeiro aditamento

Beja: cidade museu. Ainda não é, mas podia ser.
Beja: cidade monumental. Tem deixado de ser, mas pode corrigir alguns erros e recuperar o tempo perdido.
Beja: cidade interessante e sedutora. Se se afastarem da convivência quotidiana as malfadadas intrigas intestinas, Beja, poderá reforçar ainda mais o seu genuíno encanto e preencher com gente boa as lacunas que a debilitam.
Beja é uma cidade histórica que preserva francamente, desde há muito e sem o saber, as suas raízes. Raízes que permanecem ainda vivas, depois de uma prática multisecular que lhe consome a aparência, o lado exterior - importante na recepção da coisa imediata, por vezes fútil - mas não da alma, isto é, da autênticidade. E, então, quando as raízes não são daquelas coisas materiais, nem facilmente dedutíveis, como as que se costumam identificar numa prospecção arqueológica, mas estão lá, estão à volta, por todo o lado, e até se respiram... mas não se vêem, são precisamente as que interessam, porque são essas as raízes que fazem de Beja uma cidade de gente e com gente. De bejenses que se respeitam a si próprios e por isso defendem o seu património cultural, e de visitantes que os admiram pela integração correcta de uma dialéctica de vida sustentada entre passado e futuro.
Beja nunca poderá ser a cidade de há dois mil, nem de há dez anos. Bastará recordar os efeitos do Programa Pólis e a expansão urbanística. Além destas mudanças outras ocorrem, de maior importância: os habitantes, os naturais e os residentes, também mudam - e nascem e morrem. Nada é igual no dia seguinte, embora pareça. Todos os dias se perde informação relativa ao passado, ao presente e, até, ao futuro. Há ideias e projectos de caracter socio-cultural que nunca chegam a ver a luz do dia ou, então, só não se concretizam em devido tempo por falta de sensibilidade política.
O município de Beja podia e devia reflectir sobre a concepção de um Museu da Cidade, instalado num edifício adequado - a construir de novo ou a requalificar - no qual se conservaria o acervo relativo aos documentos originais e, ou, facsimilados da sua História. Expo-los-ia ao público, editá-los-ia e divulgá-los-ia através dos meios multimedia. A constituição de um centro documental informatizado e totalmente acessível sobre a região seria fundamental para a dinâmica de um projecto desta natureza.
Pelo Museu da Cidade de Beja!